Crítica: “Reflection”, das Fifth Harmony, parece não traduzir a coerência do grupo



Ser artista saído de um reality musical nunca é uma coisa muito fácil. Pode-se ter os maiores votos dos espectadores, mas isso não é garantia de sucesso na indústria musical. Quando pensamos no American Idol, um dos precursores desses programas, três, talvez quatro nomes vêm à nossa mente. O The Voice, com uma audiência estrondosa, ainda não conseguiu lançar ninguém e o X Factor gera mais conversação do que vendas, pelo menos em sua versão americana.

Talvez por isso costumamos ter muito carinho pelos que passeiam nesses palcos antes de cair de cara no mercado fonográfico. Tudo, porém, tem que ser muito bem calculado por empresários e afins, caso contrário, o público perde o interesse antes mesmo de um lançamento concreto. Isso só não aconteceu com as meninas do Fifth Harmony porque elas têm talento (sim, aceitem, dói menos). Só que o se o Ricardo não for rápido, elas provavelmente estarão em sérios problemas.



Dentro desse contexto explícita e massivamente comercial, a demora para o lançamento do debut (ouça aqui) não favoreceu Camila e suas amigas. De alguma maneira, parece não ter ajudado nem mesmo a produção do álbum, que em vários momentos soa fraca na demonstração do potencial implícito e se perde entre ritmos e letras. Se a meta era mostrar várias facetas da girlband, o resultado final parece mais uma busca meio incerta por tendências musicais desenroladas durante todo o ano passado que se encaixassem na harmonia do grupo.

O disco se mostra inconstante, já que tenta ir para vários lugares, mas acerta muito quando decide estacionar no r&b e soul. Um dos destaques fica, confortavelmente, com "Like Mariah", que tem sample de "Always Be My Baby" da cantora citada, e traz a participação de Tyga. Por causa dela, a anterior, "Everlasting Love", até perde a cara de filler e conforta os ouvidos com sua tomada mais clássica do gênero.

"We Know", lá pro final da tracklist, emula muito bem um efeito acapella/acústico - mesmo com suas escorregadas que a deixam parecendo canção de coral do ensino médio. "Going Nowhere" vem logo em seguida e talvez seja a sonoridade que mais esperávamos das fofas, sendo jovem e freshy. Ela, de certa forma, contrasta com a faixa-título. "Reflection" soa adulta (Peppa aprova) em seu quê minimalista, mesmo com a repetitiva referência ao Instagram.

Se o começo com "Top Down" parece ser uma boa escolha pela melodia, a letra não nos permite dizer o mesmo. Não que queiramos filosofia da música pop, mas se for pra ser divertido, que seja da maneira correta, assim como a urban "BO$$" consegue fazer. "Sledgehammer" também entra nesse time, mas não é uma música que te conquista na primeira ouvida. É aí que começamos a ver os problemas do registro.

"Worth It" com Kid Ink, por exemplo, tem um ritmo gostoso, mas é apenas impossível não ver que é somente uma reprodução de sucessos que já estamos cansados de ouvir. "This Is How We Roll" é tão diferente da proposta geral - que já é um pouquinho bagunçada - que não se encaixa na tracklist standard. É como se o pop de 2010 forçasse seu caminho por 2015, o que não conversa de jeito nenhum. "Suga Mama" também é um pouco distante e, apesar de agradar, fica aquém. "Them Girls Be Like" parece poderosa, mas não engana com seu background fraco, enquanto "Body Rock" é uma enorme interrogação de frustração que até agora não conseguimos desfazer. Fechando o CD temos "Brave, Honest, Beautiful" com Meghan Tainor. Nessa, a única falha é o enorme namedropping. Poderia ser o máximo, se já não tivéssemos tanto disso nas músicas anteriores.

No final, o debut não reflete a completude do grupo. O talento vocal de todas as integrantes não é tão explorado ou é explorado pontualmente. As letras não se decidem sobre quais mensagens querem passar e qual tom será usado. As melodias atiram pra cá e pra lá, dando chance ao erro. Se o objetivo era pegar várias características para dividir e conquistar, não deu certo. Mesmo com boas músicas, Fifth Harmony precisa de algo mais coerente se quiser se solidificar no mercado fonográfico. Isso porque todos sabemos que até mesmo o que é sólido desmancha no ar (purse so heavy, gettin' Karl Marx dollars - não, pera).



P.S.: Menos meia estrelinha se considerarmos a capa.
quedelicianegente.com

18 comentários :

  1. Discordo totalmente. As meninas do Fifth Harmony conseguiram em 2 anos tudo que muitos outros artistas não conseguiram em vários anos de carreira. Vale lembrar que elas fizeram tudo sem álbum lançado. O Reflection é totalmente diferente do EP lançado em 2013. O EP era aquele pop cliché, e as meninas já haviam dito que o primeiro álbum não seria pop e levaria um caminho diferente do EP. O álbum é divertido e dançante, exatamente como elas haviam dito que queriam. As músicas "acapella" como We Know é justamente assim para dar um clima mais leve em comparação às outras músicas, e mostrar o poder vocais das meninas. A Dinah Jane (para quem não sabe, a em pé no meio na foto inicial do post), tem apenas 17 anos, e na minha opinião é a que tem a voz mais forte do grupo. Fifth Harmony fez tudo praticamente sem o apoio da gravadora Epic, quem divulga as meninas são os fãs, porque a gravadora não sabe o tesouro que tem em mãos. Enfim, eu discordo da sua crítica porque você deveria ter pesquisado mais sobre as meninas e visto que elas sempre queriam um álbum com um mix de alguns estilos, e não aquele pop chato e enjoativo de todos os artistas teen. Digo e repito que 2015 é o ano de Fifth Harmony!

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    1. Concordo plenamente com sua opinião.

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    2. Queria poder curtir mil vezes esse comentário.

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    3. Seja quem foi a harmonizer que escreveu esse comentário, podemos dizer que é boa nas profecias!!!

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    4. Seja quem foi a harmonizer que escreveu esse comentário, podemos dizer que é boa nas profecias!!!

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  2. arrasou nesse comentário!!!!! é assim que nós Harmonizers devemos fazer

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  3. Quem foi a pessoa que divou no comentário aki em cima?! Só pra dizer: concordo com você! E acho que quem escreveu a matéria poderia ter pesquisado mais sobre as garotas, ok?

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  4. Bicha, difícil te defender com essa crítica. Na verdade, crítica é crítica e não tem o que discutir com a sua visão do álbum (até porque ela é sua e de mais ninguém), mas a quantidade de estrelas sequer encaixa com as suas palavras (considerando que, no final das contas, deu duas estrelas de 5, gongando, desnecessariamente, nesta altura do campeonato, a capa do CD) - com base nas suas palavras, umas 3 estrelas encaixaria melhor. Sei lá, te achei meio preocupada em colocar o CD pra baixo... Seja mais aberta. :)

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  5. Que bom que concordaram comigo!! E olha que não escrevi o primeiro comentário por ser harmonizer, mas sim porque a crítica foi totalmente incoerente. O autor escreveu a sua opinião pessoal ao álbum, o que é errado porque cada um tem diferentes estilos musicais, você deveria ter escrito uma crítica baseado no esforço das meninas e na música em geral, sem dar preferência à você mesmo. Um site americano conhecido fez uma crítica excelente ao álbum e deu 4,1 de nota. Sei que não é o melhor álbum do mundo todo, mas está excelente para um debut e eu estou muito orgulhosa das minhas meninas.

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    1. Citamos, de forma bem fácil de entender, os atributos que fizeram o álbum receber a nota que atribuímos. Nós do blog, quando fazemos críticas, tomamos muito cuidado para não deixar opiniões individuais serem o mote que nos faz julgar algo. Essa é mais um caso em que isso não aconteceu.

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  6. concordo com 10% com a critica em relação que não favoreceu elas!!! mais não podemos nega que as meninas têm potencial e talento. ressaltando que TALENTO esse que não podemos encontrar nos artistas hoje em dia, elas vem aguentando essa pressão em cima delas desde do XFactor. ainda mantenho esperança de ver uma gradadora valoriza-las não só pelo seus atributos vocais mais também pessoal!! afinal são 5 garotas onde de personalidade diferentes e é juntamente isso que da o TIME PERFEITO nelas, então as críticas contra elas só as tornaram fortes e que venha mais então que com certeza os fãs irão adora os próximos trabalhos delas.

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  7. Não, já deu...
    Acompanhei as garotas durante a temporada que estiveram no X Factor e em performances como de "Anything Could Happen" pensei que seria esse o mesmo estilo/linha musical a ser seguido pela banda. O processo que seguiu o programa não teve o resultado esperado, já que em dois singles não conseguiram alcançar um resultado tão positivo, ou seja não convenceram. Passado esse período, reformularam o estilo musical, a aparência e se tornaram "mulheres sensuais", junto de uma nova pegada, que a meu ver foi precipitada e desesperada para promover a banda.
    Não é mais o meu estilo musical e por isso não as sigo.Gostei delas durante o programa, mas hoje já não vejo mais futuro.
    Ótimo post!

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  8. Não concordo acho que elas vão ter um futuro brilhante até pq elas já foram convidadas para a todas as premiaçoes importantes e também venceu categorias já cantaram na casa branca tudo isso em pouco tempo de carreira e sem ter lançado cd, o CD não está incoerente não precisa ser um "genio" para "decifrar" o que elas querem demonstrar na letras delas,acho q não só pra mim como para todos, algumas letras mais intensas, e umas mais dançantes aliais se trata de um público jovem e é disso que o álbum se baseia,então achei que foi precipitação dizer que o álbum soa "incoerente", e dúvido que um simples coral do ensino médio soasse tão bem, e ganharia em 3 lugar no the X factor e elas tem tudo, são bonitas, ótimos vocais, e dançam bem,basta explorarem mais isso nos clipes delas,potencial é o que não falta.

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  9. Esperava muito mais deste álbum.... Little Mix ainda destrói!! Claro, na minha opinião.

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  10. Pra mim, já comecei a desconsiderar a crítica quando li "Camila e suas amigas".

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  11. Parei de levar a serio a partir do "Camila e suas amigas"

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Tu escreveu "Camila e suas amigas". Isso pra mim deslegitimou na hora a sua crítica. Sorry.

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