Crítica: a poesia estreante e conquistadora de Mary Lambert em “Heart On My Sleeve”



Mary Lambert apareceu pro mundo na canção "Same Love" de Macklmore & Ryan Lewis. Dona da voz do refrão do hit igualitário, a cantora não demorou muito pra aproveitar o holofote e até lançou um "spin-off musical", chamado "She Keeps Me Warm", para tentar permanecer relevante.

A música não recebeu tanto destaque, mas a linda não deixou isso a abalar. E agradecemos à sua gravadora, Capitol, por ter tido a mesma reação. Por causa disso, temos agora o debut álbum da artista, Heart On My Sleeve e mesmo que não tenha nenhuma previsão de aparecer no topo dos charts, com a nossa admiração vai ficar.



O registro todo tem como base a sonoridade piano-pop que conhecemos no primeiro single, "Secrets". Com sua letra sincera e instrumentos de sopro, a canção é um lugar seguro para a artista. Justamente nesses casos, que se repetem durante a produção, que Mary consegue brilhar facilmente. "When You Sleep" traz a mesma estrutura e mostra o quão forte é a capacidade interpretativa da moça.

Em "Monochromatic" temos uma sonoridade do começo dos anos 2000 quando se trata desse seguimento do pop. Isso faz com que algumas músicas, não essa, sejam semelhantes à materiais de outros artistas, como "Chasing The Moon", "Heart On My Sleeve" (aqui pendendo para um pop-rockzinho da mesma década) e, um pouco, "Wounded Animal". Essa última, no final da tracklist, às vezes pode soar meio cansativa - com "Sing To Me" isso com certeza acontece. Nada, porém, diminui a genialidade de sua letra.

As composições, inclusive, são um ponto forte. Quando acopladas à momentos que fogem dessa base de piano, isso se sobressai ainda mais. Ouvimos acontecer tal "fenômeno" mais claramente em "Ribcage" (feat. Angel Haze e K. Flay). É ponto pro time das meninas! As pequenas percussões de "Assembly Line" ajudam a marcar e pontuar a composição lírica de uma forma certeira. Podemos até encaixar nesse grupo "So Far Away", que mesmo não fugindo tanto do lugar comum explorado por Lambert, se torna especial com a acústica de seu violão.

O álbum, de modo geral, surpreende muito, mas não podemos deixar de citar exclusivamente "Dear One". Nessa faixa, Mary nos apresenta seu talento para declamar poemas. Aqui ela nos faz lembrar que música é poesia e consegue captar fortemente nossa emoção. Se abrisse o disco seria choque de monstro. A linda faz a mesma coisa no bridge da maravilhosa "Sum Of Our Parts", o que só reforça o incrível lirismo da canção.

No meio disso, nos perguntamos por que o cover de "Jessie's Girl" não entrou como uma bonus track. Ficaria como par de "Sum Of Our Parts (Alternate Version)" e faria mais sentido, do ponto de vista estratégico, dentro do disco.

As surpresas de Heart On My Sleeve conseguem destacar o trabalho sem fazê-lo soar desesperado. Mary Lambert traça seu caminho e já tenta coisas novas logo em sua estreia, o que é mais do que alguns outros artistas se propõem a fazer. Se continuar ganhando incentivo dos fãs, pode conseguir nos entregar coisas sempre no mesmo nível. Não seria nada mal um álbum deliciosinho como esse de uns dois em dois anos.


quedelicianegente.com

Um comentário :

  1. Esse album é ótimo. As letras são verdadeiras poesias.
    Gostei bastante da crítica.

    ResponderExcluir