Capitão América: filme é nada mais do que mediano

O título do post é quase como um eufemismo. Capitão América: O Primeiro Vingador é tão mediano que beira o sem-graça. Também, o que esperar de um super-herói que tem como melhor parte do seu arsenal o escudo? Quer dizer, é um escudo.

Sim, o texto contém spoilers e se você não quiser estragar a surpresa não passe daqui. Mas o que são spoilers de um filme quando desde pequeno lemos os resumos das novelas, né gente? E também, foi praticamente possível resumir o longa no primeiro parágrafo. De qualquer forma, vamos dar uma pincelada mais do que rápida pela sinopse. Steve Rogers (Chris Evans) é raquítico e quer servir sua pátria (o filme se passa durante a Segunda Guerra Mundial). Muito magrelo, o jovem é o escolhido para fazer parte de uma experiência governamental. Eis que surge o todo bombado Capitão América, que tem como objetivo lutar contra a Hidra, uma divisão nazista comandada por Johann Schimidt/Caveira Vermelha (Hugo Weaving). O vilão, por sua vez, tem como meta dominar o mundo (Clichê? Imagina...).

Vamos começar com os pontos positivos. Chris Evans (não, segura o fogo que eu não vou falar do corpo dele) está em sua melhor forma aqui. Sua atuação é realmente convincente, até mesmo quando a história pontua aquele nacionalismo americano, velado de patriotismo, difícil de engolir. Sua atuação consegue amenizar tudo isso ou ridicularizar, como quando o Capitão América se torna o garoto-propaganda da guerra, de uma maneira que deixa confortável quem não é norte-americano.

Tommy Lee Jones (General Chester Phillips), Stanley Tucci (Dr. Abraham Erskine), Dominic Cooper (Howard Stark) e Sebastian Stan (Bucky Barnes)

As atuações coadjuvantes são outros aspectos positivos. Tommy Lee Jones, que interpreta o General Chester Phillips, veste a luva de alívio cômico da melhor maneira possível e Stanley Tucci, com seus poucos momentos em tela, só faz abrilhantar a produção. Dominic Cooper, que interpreta Howard Stark (o pai do Homem de Ferro), consegue mostrar seu personagem por completo e sem querer a atenção que o próprio roteiro força e Sebastian Stan está incluso aqui por deixar a película mais bonita.

Por último, e talvez até não seja necessário falar, os efeitos especiais e as cenas de ação do filme são ótimas (ok, algumas cenas podiam ser mais épicas, mas tudo bem). Mas né, blockbuster tem que ter, no mínimo, essa propriedade bem desenvolvida.

Agora os pontos negativos. Os aspectos ruins do filme não são tantos e nem exageradamente graves - ou o longa se encaixaria em outra descrição que não mediano -, mas que incomodam, incomodam. Comecemos pela mocinha (que neste caso é bem durona). É desconfortável vê-la em cena. Desconfortável pelo seguinte motivo: ela não tem carisma. Adoro super-heróis, mas não sou fã de HQs, então não sei se a personagem Peggy Carter é completamente água com açúcar feat. por que ela não morre? Ou se foi Hayley Atwell que conseguiu essa façanha sozinha.

A linda e dispensável Hayley Atwell que interpreta Peggy Carter

O roteiro é outro ponto negativo necessário de se ressaltar. Não que ele seja ruim, pelo contrário, é até legal, mas pense da seguinte forma: os roteiristas fizeram um filme mais sobre O Primeiro Vingador do que sobre o Capitão América. Quero dizer que a história se preocupa muito em falar “Este é o líder d’Os Vingadores, galera. O filme-evento de 2012!” enquanto deixa tocar a história do protagonista em um volume nada mais do que audível. A história do super-herói está ali, claro, mas é visível a ânsia para o blockbuster do ano que vem. Isso é péssimo porque arranca sua vontade de sair do cinema dizendo pra todo mundo o quanto o Capitão América é heavy-metal-quebra-pau.

Me desculpem os fãs do herói, mas o personagem principal de todo o longa chega a ser o Cubo Cósmico. Existiram vários Cubos Cósmicos no universo Marvel, mas nos filmes, o objeto em questão é asgardiano (do reino de Asgard, onde vivem os deuses nórdicos e, consequentemente, Thor), tem poder infinito e cai nas mãos do vilão. O artefato tem tanta energia que é usado como munição superletal nas armas da corporação Hidra e ~spoiler máximo~ chega a matar o Caveira Vermelha com seu poder. Mais do que tecnicamente, é o Cubo Cósmico e não o herói que destrói o antagonista! P*rra, vamos honrar o título de super-herói pródigo, né América?

A sensação que se tem ao sair do cinema, para quem não é fã, é de que o Capitão América é mais um. Quando a franquia Batman foi revitalizada, todos passaram a ver o Cavaleiro das Trevas como um super mother fucker fodão. E olha que o herói já teve uma armadura com mamilos – ma-mi-los! – e você sabe como eles são polêmicos. Eu queria passar a ter essa mesma visão do herói-símbolo dos Estados Unidos, mas a única coisa que te enlouquece – no bom sentido – é o final pós-crédito com o teaser trailer d’Os Vingadores. Apenas.

_