“Dear White People”, nova série da Netflix, ganha teaser e gera polêmica absurda entre assinantes



Nesta quarta, 8, a Netflix divulgou o primeiro teaser de sua nova série, Dear White People, a qual é baseada no premiado filme Cara Gente Branca, de Justin Simien, de 2014.

Simien retorna para dirigir e roteirizar o seriado, além de Barry Jenkins, de Moonlight (2016), que dirigirá alguns episódios da primeira temporada. O enredo acompanha Samantha White (Logan Browning), Coco Conners (Antoinette Robinson), Joelle Brooks (Ashley Blaine Featherson) e Troy Fairbanks (Brandon P. Bell), quatro estudantes negros que têm que lidar com o racismo em uma universidade frequentada majoritariamente por estudantes brancos. Bell interpretou o mesmo personagem na versão cinematográfica. Dennis Haysbert é o narrador da história.

No vídeo, Samantha fala diretamente aos brancos, em um programa da rádio universitária, sobre fantasias para o dia das bruxas. Ela diz que pirata, enfermeira ou qualquer um dos primeiros 43 presidentes americanos são disfarces aceitáveis. Contudo, fantasiar-se dela é inaceitável. Então fotos de brancos fantasiados de negros são mostradas para demonstrar o desrespeitoso blackface.



O trailer critica tal prática, que teve sua origem em peças teatrais e shows de menestréis do século XIX. Atores de origem europeia pintavam suas faces com carvão de cortiça para representar personagens negros, reforçando estereótipos racistas e impedindo que atores afro-americanos fizessem parte dos espetáculos.

Com apenas 34 segundos, o teaser gerou revolta entre os brancos dos EUA. Vários assinantes disseram que cancelariam a assinatura do canal de streaming com o absurdo argumento de estarem incomodados pelo racismo contra brancos. Vale lembrar que a sociedade ocidental construiu seus pilares de dominação exercido por caucasianos através da pilhagem, escravidão, genocídio e exploração de negros, ameríndios, árabes e asiáticos. Os reflexos desses males persistem até hoje.

O racismo reverso não existe, pois o racismo se trata de estrutura de poder, que perpassa todas as relações sociais que impedem que uma etnia tenha condições equânimes ou igualitárias. Portanto, falar em racismo reverso é como afirmar que unicórnios existem. Todavia, a frágil branquitude parece ignorar isso e viver em uma realidade delirante.

Em entrevista ao Indie Wire, Simien discorreu sobre a reação negativa do público. "A equalidade parece opressão para os privilegiados e, consequentemente, três palavras positivas ditas os fazem entrar em uma briga colossal por sua própria existência. É assim que um anúncio de menos de um minuto se transforma em uma distorcida convocação para o genocídio branco na mente de algumas pessoas. Apesar de todos os sinais dizerem o contrário.", afirmou.

Como diz um ditado dos Estados Unidos, "publicidade ruim é melhor do que nenhuma publicidade", logo, Dear White People será beneficiada pelo buzz. Ademais, assisti-la é uma boa oportunidade para entender o racismo. A série estreia no dia 28 de abril.
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