Crítica: Oitava temporada firma “Rupaul’s Drag Race” como o melhor reality da TV



Carisma, singularidade, coragem e talento. Essas são as quatro características essenciais para se tornar uma estrela. Quem garante é RuPaul, que coroou ontem, 16, a mais nova integrante da realeza drag no fenômeno pop RuPaul's Drag Race.

Neste ano, o percurso foi mais curto, contando com apenas 10 episódios, e nos fazendo sentir falta de algumas tradições, principalmente do delicioso, e farto, almoço de tic-tacs com Mama Ru. Ainda assim, a oitava temporada teve de tudo. Desde dupla eliminação até participante sendo chamada de volta e muito, mas muito, shade!

Um dos principais ingredientes para um reality ter sucesso são os participantes, pois todo o show é baseado neles. E a oitava temporada não deixou a desejar neste quesito. Tivemos Acid Betty, que a cada semana surpreendia com um visual mais incrível que outro, mas pecava pela falta de carisma e veia cômica, sendo eliminada no "Snatch Game". Acompanhamos a talentosa Thorgy Thor, que se perdeu na sua própria criatividade e não conseguiu impressionar os jurados. E ainda Derrick Barry, que personifica Britney Spears em Las Vegas, lutando, sem muito sucesso, por independência da imagem da cantora.

No que envolve às finalistas, Kim Chi foi quem apresentou os visuais mais interessantes da temporada, e figura entre as participantes mais criativas que já passaram pelo programa. De personalidade mais introvertida e desajeitada, foi quem mais expôs suas fragilidades, falando da sua virgindade, da cultura de seu país (nasceu nos EUA, mas foi criada na Coréia do Sul), sobre o fato de esconder que é drag para sua família e dos conflitos com seu peso.

O dark horse deste ano, Naomi Smalls, é quem mais demorou a mostrar seu potencial. Foi somente na metade final da temporada que a participante provou-se uma real ameaça às demais, com sua estética noventista, looks minimalistas e, claro, serving legs for days. Tendo começado a se montar depois de assistir o reality, desponta como representante de uma nova geração de drags inspiradas no próprio RuPaul's Drag Race.



Ainda assim, Bob the Drag Queen foi, de longe, o nome da temporada. Se nos primeiros episódios, ela se definia como uma "Comedy Queen", rapidamente ficou claro que seus looks também eram bastante inventivos e havia um esforço para impressionar os jurados. Mesmo tendo pecado muitas vezes na maquiagem, seu carisma e inteligência sempre a faziam se sobressair diante das demais.

Tendo vencido três desafios durante a temporada e costurado em todos os episódios, a vitória de Bob era certa. Mesmo que o programa tentasse nos fazer acreditar que Naomi e Kim tinham alguma chance, a verdade é que Bob sempre mostrou-se como o "pacote completo". Ela é engraçada, criativa, consistente e foi a a protagonista deste ano, passando a fazer parte, agora, da realeza drag.

A oitava temporada veio para firmar RuPaul's Drag Race como o melhor programa do segmento, ao fazer do conceito de identidade uma piada e unir desafios de costura, atuação, canto e dança para eleger uma nova Drag Superstar. Mais do que uma competição, é um desafio ao ordinário. É apostar que o humor, a arte e a criatividade podem quebrar regras.





• Naysha Lopez já estava em casa quando foi chamada para voltar à competição. Ela estava preparando uma maratona de filmes e confort food quando recebeu o telefone de Ru.

• No "Snatch Game", a eliminada Dax Exclamationpoint teria feito Mel B, enquanto Laila iria interpretar Theresa Caputo. Acid Betty faria Pepper, de America Horror Story, mas não pode por questões de direitos autorais. Cynthia seria Sofia Vergara.

• Entre o final do lipsync e o resultado, as gravações são interrompidas e RuPaul delibera junto com a produção.

• Enquanto a eliminada é levada para a área de trabalho, o que dura de 2 a 3 horas, as outras queens são obrigadas a ficarem em silêncio, sem qualquer comunicação para que nada seja discutido fora das câmeras.

• Aparentemente esta temporada foi toda mais corrida. Se na sexta temporada, as queens tiveram uma semana para gravar os depoimentos, nesta temporada foram apenas 24 horas.

• Um dos motivos de termos uma temporada mais enxuta deu-se pelo fato de que teremos a segunda edição do All-Stars este ano, provavelmente em meados de outubro.
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