Macklemore & Ryan Lewis fizeram a lição de casa (ou quase) em “White Privilege II”



O contexto não poderia ser mais apropriado. Enquanto se discute no mundo sobre a grande maioria de indicados brancos ao Oscar e, especificamente por aqui, de cotas raciais, a dupla Macklemore & Ryan Lewis mostra que fez a lição de casa sobre racismo e apropriação cultural em seu novo single.

Essa, na verdade, nem é a primeira vez que isso acontece. Macklemore já tinha demonstrado, em entrevista em 2014, que ele parece ter encontrado um posicionamento adequado entre saber quando e como falar desse complicado assunto. A nova música é um continuação de outra, de 2005, em que já abordava a temática. E, indiretamente, ele fez algo parecido com o hit "Same Love", em prol de um nicho da sociedade do qual não faz parte.

"White Privilege II" é uma verdadeira bagunça-organizada de quase nove minutos, nos quais diversos gêneros musicais são utilizados, bem como o uso de técnicas teatrais e documentais.

Enquanto o rapper discorre sobre as recentes mortes de negros por policiais brancos nos EUA, como a de Michael Brown, insere o som da multidão dos protestos gerados por tais acontecimentos. Enquanto pergunta sobre o seu papel na política e no gênero musical no qual está inserido, se auto-ironiza incorporando personagens que destilam opiniões equivocadas sobre os negros, o rap e si mesmo. Vai além, admitindo o seu trabalho higienizado e diluído, também jogando na roda nomes como Iggy Azalea, Miley Cyrus e Elvis Presley (mas, talvez estrategicamente, esquecendo-se de Eminem, lembrado na já citada primeira versão da música).

No hotsite em que a faixa foi disponibilizada para download de graça, o artista explica que ela é o resultado de um diálogo com músicos, ativistas e professores, citando todos os nomes envolvidos, como o da cantora Jamila Woods, creditada como "feat.". Na mesma página, compromete-se - através da sua empresa, a Macklemore & Ryan Lewis LLC - em investir em organizações de apoio à comunidade negra e projetos pela igualdade social (todos também citados).

Sim, sabemos que ele não está fazendo nada além de sua obrigação e algo não muito diferente do que os militantes negros fazem, discutem e lutam por, todos os dias, há décadas, sem serem ouvidos por muitos. Mas não deixa de ser, no mínimo, um copo meio cheio, ou não?



"White Privilege II" se junta a "Downtown" e "Growing Up (Sloane's Song)" na promoção do álbum This Unruly Mess I've Made, que chega às lojas no dia 26 de fevereiro e já ganhou até um trailer:


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