Crítica: Em “My Everything”, Ariana Grande consegue solidez em juntar o que a inspira

Ariana Grande é um caso de sucesso que dá gosto acompanhar. Mesmo quando estava na Nickelodeon, o talento da moça nunca foi subestimado. Logo no começo da divulgação de seu primeiro álbum, o público a adorou e, truth be told, jogaram elogios hiperbólicos de nova-Mariah.

Agora, em My Everything, a cantora tenta jogar um monte de inspiração para criar um disco que reflete seus gostos. E consegue. Seu segundo registro passeia por diversos tons e demonstra como ela é flexível com sua música. Obviamente, no meio disso, temos aqui e ali algumas canções que têm, como primeiro objetivo, o bom desempenho mercadológico.



É o caso de "Problem" (feat. Iggy Azalea), "Break Free" (feat. Zedd) e "Bang Bang" (com Jessie J e Nicki Minaj). O pop de Max Martin permeia todo o trabalho, mas nessas três faixas é onde mais se destaca. Se alguém ainda duvida, não há nada de mal em fazer música para as rádios. Ainda que Ariana tenha conquistado muitas estações com seu r&b, passear por novos caminhos é sempre bem-vindo.

E podemos ficar calmos, já que tal "marca registrada" ainda está presente. "Best Mistake" (feat. Big Sean), "Be My Baby" (feat. Cashmere Cat), "Break Your Heart Right Back" (feat. Childish Gambino), "Hands On Me" (feat. A$AP Ferg), "You Don't Know Me" e "Only 1" passeiam pelo ritmo, desde sua versão "neo-clássica" até aquelas do início da década de 2000, já trabalhadas por Grande, mas que nem por isso deixam de se destacar. É claro que as novidades, como o synthpop de "Love Me Harder" (com The Weeknd), acabam nos chamando mais atenção, mas todo o conjunto se vê equilibrado entre a vontade de experimentar e a de apostar no conhecido.

Entre tantos sons, alguma música poderia passar despercebida. Isso acaba acontecendo com "One Last Time". A mid-tempo, por não ter as percussões e os dedos mágicos que Ryan Tedder coloca em "Why Try", pode ter seu valor subestimado. Felizmente isso não acontece com "Just A Little Bit Of Your Heart" e "My Everything". As baladas levadas ao piano permitem que Ariana mostre seu poder de intérprete e no caso da primeira, nos faz desejar que venham mais colaborações com Harry Styles.

Podemos dizer que My Everything é um álbum sincero de uma artista que tem muita vontade de acertar. Mesmo que tenha ajudado somente na composição de cinco músicas, Ariana soube escolher as palavras para mostrar que não tem medo de se doar. Impossível não se relacionar com letras que buscam uma auto-afirmação e que por vezes demonstram fraqueza amorosa ou a sinceridade de que às vezes nos diminuímos por alguém.

Na "Intro" do disco, que parece simular melodicamente um pequeno mantra, a cantora entoa "I gave you all I had, and nothing less I promise". Ainda queremos muito mais do que Ari tem para nos dar, mas se, por ora, isso é tudo, ficamos felizes em recebê-lo.


quedeliciangente.com