Ke$ha e o “cock pop” de Warrior, seu segundo álbum!



Dois anos já se passaram desde que Ke$ha lançou seu EP Cannibal, onde mastigou seu álbum de estreia, lançado anteriormente no início de 2010, e vomitou mais glitter em faixas como "Blow" e "Get Sleazy".
Agora com um novo disco saindo fresquinho do forno, depois de muito hype e declarações polêmicas sobre fantasmas e dentes, podemos conferir a tão famigerada magia que a cantora diz servir como material para Warrior.
Você vai ouvir por aí que não tem rock o suficiente, como havia sido prometido, que é mais do mesmo e que a fofa continua fazendo refrões com apenas um verso repetido 8762538764 vezes. Mas aos interessados que se renderem ao poder de $, o trabalho veio para comprovar sua relevância como letrista e cantora de timbre único que, pasmem, vem com muito menos autotune robótico (afinal agora  sabemos que ele foi implantado diretamente em suas cordas vocais).
Primeiramente, vale esclarecer que o "cock pop" (como a própria artista batizou) deriva nas declarações oficiais do rock oitentista, mas soa bastante como uma mistura entre Daft Punk, Justice e Peaches. Isso não é exatamente ruim, mas acredito que não custa nada a gente dar crédito a referências, na minha opinião, bastante claras. O resultado é uma coleção de faixas agitadas com baixos bastante pronunciados, batidas picotadas solos de synth/vocoder e violões.
Em segundo lugar, não é segredo nenhum que a diva do glitter, por mais limpinha que possa ter aparecido nessa nova era, continua $uja e festeira no dancefloor. Logo na primeira música, faixa-título do CD, determina-se o tom mais "maduro" da coletânea demonstrando que, mesmo soando semelhante no aspecto pop eletrônico, encontramos essa mescla cuidadosamente confeccionada entre os sintetizadores e os elementos acústicos antes proibidos pela própria artista. O bom humor continua presente nas letras - mesmo nos momentos mais tocantes do álbum - e a sonoridade dentro das próprias faixas é multifacetada, alternando estrofes agitadas e refrões "épicos" (ou vice-versa).
Com a maioria das faixas produzida pelo já esperado time de hitmakers Dr. Luke, Cirkut, Max Martin e Benny Blanco - responsáveis, por exemplo, pelo primeiro single "Die Young" - o álbum também conta com a colaboração de produtores como Greg Kurstin (Kelly Clarkson, Kylie Minogue, Little Boots), Billboard (Robyn, Ellie Goulding) e Matt Squire (3OH!3, HIM, Good Charlotte).


O rock mais puramente apresentado encontra vazão em faixas como "Thinking Of You", "Dirty Love" (parceria com Iggy Pop), "Only Wanna Dance With You" (parceria com The Strokes que trás lembranças de "Don't Let Me Get Me" da P!nk no hook) e "Gold Trans Am" (que chupinha/sampleia o maior clássico de todos, "We Will Rock You", além de "Shut Up and Let Me Go" dos The Ting Tings).
E como não poderia deixar de ser, o electro aparece sem vergonha - em alguns momentos acompanhado de violões e assovios - em "Crazy Kids" (uma continuação implícita de "We R Who We R"), em "Supernatural" e seu break todo trabalhado no EdBangerismo e no farofismo de "Out Alive".
Além da faceta baladeira que já conhecemos, também é apresentado um lado vulnerável, até então oculto, nas "baladas de levantar o isqueiro e ficar balançando o braço", bem atípicas em relação ao seu repertório: "Wonderland" vem como um verdadeiro quebra clima bem no meio da tracklist, enquanto "Love Into The Light" encerra a versão standard do álbum num clima mágico e etéreo, e a bônus "Past Lives" (parceria com Michael Coyne do Flaming Lips) é a mais sonolenta de todas.
Por mais multifacetado que o álbum possa parecer, ele permanece firme no propósito de apresentá-la como ícone relevante na música pop e promete uma gama enorme de singles. Dá pra arriscar dizer que esse será o "Teenage Dream de 2013" (e de 2014 quem sabe) no quesito longevidade nas paradas, com melodias bastante sólidas, algumas auto-referências e canções que só alguém que escova os dentes com whisky poderia escrever: "Feeling like a saber-toothed tiger, sipping on a warm budweiser".

Escute: "Warrior", "Crazy Kids", "Supernatural" e "All That Matters".


www.quedelicianegente.com

3 comentários :

  1. Ótima review, só esqueceu de falar da melhor música do cd, que é Last Goodbye, haha

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  2. review de unapologetic pfvr..

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  3. Vai no miojo indie pra ver a review da Rihanna!

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