Elixir: Quando Hilary Duff resolveu (também) ser escritora

Além de ser atriz, cantora, compositora, designer de moda (sendo, no máximo, regular nesses itens), embaixadora da juventude em Bogotá e ter pego o personagem Dan Humphrey (interpretado pelo meu, o seu, o nosso Penn Badgley <3) na série Gossip Girl, Hilary Duff resolveu levar a sério a expressão que diz que para se ter uma vida plena é necessário "plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro".
Árvore: Bom, se ela é tão boazinha e filantropa, já deve ter o plantado uma, então checa! Filho: Anunciou recentemente sua gravidez, fruto do casamento com Mike Comrie, checa! Livro: Lançou em outubro de 2010 o livro Elixir, que foi publicado no Brasil no meio deste ano, ou seja, checa também. E é sobre esse item que falaremos. Duff esteve, inclusive, aqui no país durante a última Bienal do Livro (foto acima) para divulgá-lo.
Elixir é, de certa forma, uma síntese da "megalomania" de sua vida pessoal-profissional: Uma grande mistureba. Mas ao invés de profissões, aqui são de assuntos, referências e clichês. E este é seu maior defeito. Vamos a uma sinopse (escrita por mim, que está com quote apenas pra organizar e sim, tem alguns SPOILERS):

Clea Raymond é uma famosa foto-jornalista que viaja pelo mundo cobrindo grandes eventos. Só que ela tem apenas 17 anos, e trabalha sobre um codinome secreto, porque é filha de uma importante senadora e de um renomado cirurgião, e ninguém daria atenção para trabalho de uma menininha rica. Ah, seu pai sumiu numa missão humanitária... Numa favela carioca.
Depois de passar uma temporada na Europa (só com uma amiga, da mesma idade), nota a presença de um cara gatão e misterioso em TODAS as fotos que tirou durante a viagem.
Clea começa a ter sonhos (molhadíssimos) com o moço, onde ela não é ela, e sim outras mulheres, de épocas diferentes, apaixonadas por ele.
Nossa protagonista embarca então para o Brasil a trabalho e para achar pistas de seu pai. E aqui encontra o misterioso galã de seus sonhos e fotografias, Sage. Assim, Sage ajuda Clea (e seu melhor amigo Ben, que também é apaixonado por ela) na busca de seu pai e do Elixir da Vida do título. Descobre-se no decorrer, que Sage é imortal justamente por causa de tal líquido mágico, e que viveu outros amores com Clea, em vidas passadas. Todos com final trágico."

E antes que apareçam os fãs xiitas, saibam que eu gosto da Hilary, viu? Afinal, você pode ter plantado uma árvore, tido um filho e escrito um livro, mas não terá vivido se não tiver assistido - pelo menos 5 vezes - o filme A Nova Cinderela e ter perdido a dignidade cantando "Play With Fire", "Wake Up" e "So Yesterday"...!
Forçando a barra, dá pra dizer que elementos de Elixir lembram outros vários best-sellers recentes. Mas pode ser só coincidência, já que, os livros citados não foram necessariamente os primeiros a trazerem tais coisas.
As vidas passadas, sonhos com elas e triângulo amoroso entre um bonitão imortal, a protagonista e seu amigo traíra, lembram Fallen, da Lauren Kate. O ritmo thriller da trama, viagens pelo mundo, busca de um objeto sagrado e existência de uma antiga sociedade secreta, lembram O Código da Vinci e outros livros do Dan Brown. É forçado, mas essa viagem ao Rio de Janeiro me lembrou da lua de mel de Edward e Bella, em Amanhecer, da Stephenie Meyer. Na história também há uma feiticeira meio mumificada, com séculos de idade, que ainda fala, se mexe e provoca visões, o que remete imediatamente à Profeta do sótão do Acampamento Meio-Sangue dos livros da série Percy Jackson e os Olimpianos, do Rick Riordan. Isso sem contar o lugar-comum para resolver problemas de "logística" com uma protagonista rica, que escritoras como Cecily von Ziegesar e Meg Cabot adoram usar...
Elixir vale a pena? Não sei. É um livro divertido, fácil de ler, com uma linda diagramação e capa (embora chamativa demais para se ler no ônibus rs). Possivelmente comprarei a continuação, Devoted (já escrita, mas não lançada no Brasil), pra saber como as coisas continuam. Então, decida você.

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