Entre a nudez comum e a excepcional: Conheça o projeto “Flesh Mag”!



Visando reviver a seção Delícia, estamos apresentando projetos sobre nudez, sensualidade e sexualidade que fujam do óbvio - seja na abordagem artística muito própria com que são feitos, seja na retratação de personagens tidos fora do padrões de beleza tradicionais.

Nesse escopo, há duas semanas mostramos aqui o Pelados em Flexões. E, dando sequência à nossa série, nesta quinzena é a vez de conhecer a revista digital Flesh Mag, que também aposta na diversidade, trazendo corpos reais, sem artifícios.

Segundo os criadores, João Maciel e Rafael Medina, o objetivo principal envolve o desenvolvimento de um trabalho de arte que seja capaz de problematizar a representação do corpo masculino, além de dar visibilidade a todos os biotipos. Interessa ao projeto, então, retratar o corpo sem hierarquias mostrando que todos podem ser belos e desejáveis à sua maneira. Clique em "leia mais" para ver algumas imagens dos ensaios e ler uma entrevista que fizemos com eles.

A aproximação de ambos com a fotografia começou nos anos 2000, quando compraram suas primeiras câmeras digitais. Apesar de já se conhecerem há 10 anos, foi há 3 que iniciaram uma amizade, ao serem convidados para fotografar as festas de um produtor carioca.

Daí, descobriram em comum o incômodo com a imposição de beleza e a vontade de quebrar tal hegemonia, levando os dois à pensar alternativas à esta realidade. O projeto surgiu como uma resposta que, nas palavras dos próprios, traz tanto os corpos magros e frágeis como os opulentos e musculosos. As fotos abordam desde os mais flácidos e adiposos, até os construídos por hormônios ou pela academia, indo dos lisos aos peludos.









QDNG: De onde surgiu a ideia de explorar este nicho (sexualidade gay-musculina)?

Flesh Mag: Bem, como homens gays, é um nicho que naturalmente aparece como uma questão pra gente. Tanto com relação ao nosso próprio corpo quanto com os corpos que desejamos. Então na verdade trabalhar nesse nicho apareceu como algo natural quando começamos a questionar sobre a pressão que sofremos na aceitação do nosso corpo assim como a aceitação do corpo no meio gay de maneira geral.

QDNG: ​A temática dos ensaios parte de vocês ou é algo sugerido pelos modelos?​

Flesh: A temática do ensaio surge no diálogo entre nós e o modelo, é uma co-criação. Às vezes viemos com alguma sugestão ou o modelo tem alguma ideia também, mas inevitavelmente as nossas ideias vão se alinhando no diálogo que estabelecemos. O que é muito rico para o nosso trabalho.

QDNG: O conteúdo pornô amador tem sido uma febre na internet, levando à falência muitas produtoras. Porque ​vocês acha​m​ que o público tem ​tido mais interesse por este tipo de produções, com pessoas "normais"?

Flesh: Me parece que cada vez mais as pessoas estão ficando cansadas de ideais inatingíveis. Estão cansadas de ver um pornô com "deuses" plastificados e preferem alguma coisa mais alcançável. Mais perto do possível. Acho também que rola um fetiche de imaginar que elas poderiam estar naquela situação, que poderiam ser elas no filme. E quando o filme é uma superprodução existe um distanciamento tão grande da realidade que elas não conseguem se sentir representadas ou parte daquele contexto.

QDNG: Qual tem sido a resposta do público ao trabalho de vocês? E como vocês acreditam que o público entende este projeto?

Flesh: O público tem recebido muito bem o nosso projeto. A coisa mais gratificante pra gente é quando temos depoimentos de pessoas que tem problemas em aceitar seu próprio corpo e se sentem empoderadas pelo trabalho da revista.

QDNG: Vocês têm organizado festas temáticas envolvendo o projeto Flesh Mag. Qual é o objetivo principal destas festas e, em que nível, elas fazem parte do projeto?

Flesh: Temos organizado, sim, é a Festa Flesh Lovers. A gente pensa a Flesh Mag como um projeto que tem desdobramentos em diversas meios. A revista online é só uma delas. Já tivemos também uma exposição e uma publicação impressa, o calendário Flesh nudes 2016. A festa é mais um desdobramento do projeto. Nosso intuito principal na Flesh Lovers é promover o encontro dos admiradores da revista num espaço onde eles possam experimentar a liberdade corporal que a gente propõe, portanto, na festa as pessoas podem ficar como se sentirem confortáveis, nu, só de cueca, sem camisa e até mesmo vestido (risos). Aceitando e afirmando o seu próprio corpo independente de como ele seja. E é claro tudo isso com muita house music.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site oficial (+18).
quedelicianegente.com