Crítica: Fifth Harmony mostra evolução e coerência em “7/27”



Fifth Harmony é uma girlband interessante. Muita da projeção que o grupo tem se deve ao fato de que elas são produto musical dos EUA. Não que suas músicas sejam ruins, longe disso, mas boa parte daquilo que o público comprou delas já estava rodando o mundo há muito tempo.

Com o lançamento de 7/27, as meninas começam de verdade a procurar assinatura delas como artistas. Com isso, perdemos aquela sensação de saturação que acompanhava incessantemente o som das cinco. Vimos isso logo no primeiro single, "Work From Home", que apontou uma melhora significativa no tipo de músicas que vinham fazendo.

Com a participação de Ty Dolla $ign, a música traz um r&b contemporâneo e esperto por utilizar a participação do cantor de hip-hop para acrescentar à sonoridade das Fifth Harmony. Esse movimento se repete mais duas vezes no curto e objetivo álbum. Quando as garotas chamam Fetty Wap para participar de "All In My Head (Flex)", elas também aproveitam seu talento e incluem um pouco do trap dele no 7/27. No mínimo inteligente.



E quando, fechando bem a versão standard do álbum, temos Missy Elliot em "Not That Kinda Girl". A música conversa diretamente com a primeira do registro, mas não tem a mesma força. "That's My Girl", que abre o 7/27, é um dos pontos altos do álbum. Com uma produção meticulosa que conversa com a letra forte, é aquela música que pode definir o momento das Fifth Harmony em qualquer balada. Se for single, sua batida contagiante tem a capacidade de catapultar um pouco mais o grupo.

Talvez por uma amostra tão poderosa logo no início do registro, ficamos procurando algo parecido no restante da tracklist. Isso não vem, mas temos coisas interessantes que, verdade seja dita, poderiam ter sido melhor polidas. "Write On Me", que estreia as baladinhas, é esperta em demonstrar que tipo de sonoridade podemos esperar das músicas mais lentas, mas peca em trazer uma letra confusa e sem apelo.

"I Lied" tem versos bons, mas o refrão joga a música para baixo e tem sorte que seu pós-refrão consegue recuperar mais ou menos a pouca força que traz. Dessas, somente "Gonna Get Better" é mais consciente de todo o conjunto e apresenta um r&b melódico perfeito para as vozes de todas. Temos que puxar "No Way" lá no final do deluxe para termos algo parecido novamente. A canção tem um lirismo no ponto e um tom mais dark quer seria um diferencial bem vindo na versão standard. Poderia ter entrado fácil no lugar de "Squeeze" que traz versos bons, mas não cresce de maneira nenhuma. É uma pena "No Way" ter ficado relegada ao lado da fraquinha "Dope".

No meio disso tudo, temos ainda "The Life" e "Scared Of Happy" que cumprem muito bem seu papel. Enquanto a primeira tem um contexto pop bobo e contagiante, a segunda cresce ao utilizar um break eletrônico rápido e marcante. Contudo, a verdade é que elas acabam se destacando nesse álbum porque é um registro curto, caso contrário, poderiam passar apenas por fillers.

7/27 consegue mostrar mais coesão do grupo. É um álbum fácil de ser digerido e mesmo assim tem momentos que te fazem lembrar dele. As meninas começam a trilhar um caminho pop/r&b mais consciente e espelhar menos o que está ao redor delas. Elas ainda fazem isso, mas sem serem engolidas como artistas. Bom para elas e para nós, que podemos apostar um pouco mais das nossas fichas no grupo.


quedelicianegente.com