Crítica: nova temporada de “Demolidor” investe em novos rumos



Após uma estréia bastante elogiada, na última sexta-feira (18/3), Demolidor retornou para a segunda temporada na Netflix com a expectativa de manter a qualidade já apresentada, e aprofundar ainda mais o universo que cerca o "Diabo de Hell's Kitchen". Depois de assistir aos 13 episódios, fica claro que a narrativa ainda mantém o mesmo toque de "inocência" que as histórias em quadrinhos apresentam: um herói que dedica sua vida à salvar os inocentes e punir justamente os vilões.

E o resultado é bastante satisfatório, mas talvez não pelos motivos óbvios. Se por um lado temos um aprofundamento do protagonista (Charlie Cox), que começa a perceber as dificuldades de manter uma vida dupla, como advogado e justiceiro, de outro começam a surgir as consequências que tornar-se um vigilante traz - desde o surgimento de outras pessoas dispostas ao mesmo trabalho (mas com outros métodos mais violentos) até o afastamento do melhor amigo, Foggy Nelson (Elden Henson) e da assistente Karen Page (Deborah Ann Woll).



O trunfo da temporada encontra-se justamente nos anti-heróis, que convoca à narrativa a motivação de cada um. Se na primeira temporada, o surgimento do Demolidor era resultado direto das ações de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio), agora é o próprio protagonista que motiva o Justiceiro, interpretado brilhantemente por Jon Bernthal (The Walking Dead), a buscar vingança com as próprias mãos - e armas.

O personagem dá ritmo à série e rende bons momentos, principalmente pela sua relação com Page e Foggy. É o Justiceiro que movimenta a trama dos sócios de Matt Murdock e os leva até um novo plot, saindo da sombra do protagonista e decidindo fazer a justiça através de outros meios.

A adição mais polêmica ao seriado foi, sem dúvida, de Elektra Natchios (Elodie Yung), a personagem que mais apresenta diferenças dos quadrinhos. Suas primeiras cenas mostram apenas como uma ricaça mimada, viciada em adrenalina e disposta a matar quem atravesse o seu caminho, ou seja, soa um tanto unidimensional, sem motivações e com pouco carisma.

É somente com o desenrolar dos episódios, ainda que de forma apressada, que são acrescentadas mais camadas à personagem, a colocando como elemento central da segunda temporada. A história de Elektra serve ainda para que a série entre de vez na mitologia fantástica de Demolidor. Se antes, a batalha envolvia gangues, dinheiro e poder, agora a narrativa coloca os dois pés na fantasia e investe pesado em motivações que envolvem uma guerra mitológica.

De maneira geral, a segunda temporada teve um desempenho bastante semelhante à primeira, ao começar forte, apresentar algumas quedas e, então, elevar o nível no final. Ainda assim, os novos episódios conseguiram aprofundar os personagens, preparar o terreno para a provável queda do protagonista, além de estreitar a proximidade entre o universo de Jessica Jones (Krysten Ritter), Luke Cage (Mike Colter), que estreia dia 30/9, Punho de Ferro (Finn Jones) e possivelmente Justiceiro (Jon Bernthal), que futuramente formarão Os Defensores.


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