Após pressão da mídia, Lilly Wachowsky assume sua transgeneridade



Uma notícia um tanto quanto complexa pipocou ontem na mídia e repercutiu no mundo do audiovisual e LGBTQ. Hoje fomos apresentados a Lilly Wachowsky em manchetes dizendo que os irmãos Wachowsky agora eram irmãs.

Anteriormente conhecida como Andy, Lilly é conhecida por dirigir com sua irmã filmes com uma dose certa de subversão para o sucesso entre o grande público, como a trilogia Matrix. O mais recente trabalho de ambas é a série Sense8.

Devido as duas irmãs serem transgêneras e criar um universo em que uma personagem dessa identidade de gênero é ativista e aborda o preconceito, Nomi de Sense8, a revelação torna-se de grande importância para a representatividade da letra do LGBTQ que mais sofre violência.

Contudo, a diretora só fez a declaração assumindo ser uma mulher devido a chantagens feitas pelo tabloide britânico Daily Mail. Sair do armário é uma decisão difícil e por mais importante que seja em termos coletivos, é um ato que acarreta muitos incômodos – no caso, a transfobia e a misoginia. Portanto, o momento de partilhar seu gênero com o público deveria ser escolhido pela própria Lilly.

Ser uma celebridade pode significar ter a vida privada transformada em pública, mas não é incomum os casos em que isso se torna um transtorno, às vezes até letal. Um exemplo disso foi Amy Winehouse que sofria com a perseguição da mídia. A impertinência dos jornalistas também foi um dos fatores que a levaram a afundar-se mais na dependência química e morrer, fato que pode ser visto no documentário ganhador do Oscar 2016, Amy, de Asif Kapadia.

Em um beco sem saída, Lilly declarou ao mundo sua transexualidade e, consciente de seu papel influenciador, fez disso um ato em prol de seus iguais. Em uma carta publicada no jornal LGBTQ de Chicago, EUA, Windy City Times, Wachowsky discorreu sobre as taxas de assassinatos e suicídios de pessoas transgêneras, além de frisar sobre a complexidade da transição e das construções do masculino e feminino. "O binarismo é um ídolo falso.", afirmou.

Polêmicas à parte, o seriado dirigido pelas irmãs deve retornar para a sua segunda temporada em junho na Netflix.
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