Conheça That Poppy e a sua repulsiva fofura no alucinante clipe “Lowlife”



Seguindo a onda de nossas recentes dicas musicais, apresentamos That Poppy, uma mistura singular de vários ângulos de um quadro que plasma muito bem a cara do novo pop. Defini-la não é uma tarefa fácil. Imagine uma mistura de bizarrice, otaku, fashionismo, punk rock, batidas de reggae à la Elliphant, documentários analíticos e uma raiva mascarada de fofura. Pronto!

Nascida em Nashville, EUA, Moriah Poppy fazia músicas de forma independente há alguns anos. Atualmente com contrato assinado com a Island Records, ela refinou sua proposta e mostra ao mundo seu jeitinho ácido e transgressor mantendo o sobrenome no título do projeto. Poppy, "papoula" em inglês, parece fazer alusão aos efeitos embriagantes que rodeiam os produtos da flor (entre eles, o ópio) e à adjetivação de "pop", o ritmo musical. Veja o resultado de seu lançamento no mercado fonográfico no clipe "Lowlife":



Através de atos ridicularizando o estrelismo de popstars e sua questionável subordinação às gravadoras, o vídeo é cheio de referências à Neo-Pop Art, uma tendência que critica e avalia a cultura ocidental, seus valores, relações e interações, frequentemente ironizando celebridades e abraçando tudo o que é provocativo e controverso. Em "Lowlife" há também elementos inspirados em algumas obras do norte-americano Jeff Koons e de Takashi Murakami, artista visual nipônico.

A cantora é fã declarada de pop japonês e deixa isso claro em seu cover com cara de karaokê de "Stolen Dance", do Milky Chance. "(O J-pop) é totalmente diferente do K-pop. À primeira vista parece inocente e gracioso, quando na verdade essencialmente é bem mais sombrio", explica comparando os gêneros musicais do Extremo Oriente. Adentrando ainda mais na excentricidade da terra do sol nascente, em seu canal no Youtube ela posta inúmeros vídeos conceituais desconcertantes, como essa entrevista feita por uma manequim:



A sátira da persona de Poppy é construída também sobre um alicerce bem contraditório, o kimo-kawaii, presente tanto na sua série de anime Everybody Wants To Be Poppy, quanto na empolgante música de mesmo título. O termo caracteriza algo que é adoravelmente repulsivo, com diversos personagens fofos que ridicularizam sutilmente tudo ao seu redor. Os exemplos mais conhecidos do conceito pelo público daqui talvez sejam os da animação Happy Tree Friends e a cantora Kyary Pamyu Pamyu.

Esse resumo demonstra a razão da música de That Poppy ser tão dicotômica e interessante. Seu humor autodepreciativo, aliado a uma mescla nada convencional de estilos, mostram a demanda por criações que reflitam mudanças mais bruscas na indústria estadunidense - as quais outras gerações ao redor do mundo insistem frear. Como diz a própria artista em uma de suas canções, "I'm just a princess with a pistol".
quedelicianegente.com

Um comentário :