O britânico Danny Boyle é um daqueles raros casos de diretores de cinema que conseguem trazer para o grande público temáticas bem provocativas. O vencedor do Oscar, BAFTA e do Globo de Ouro por Quem Quer Ser um Milionário? (2008) tem em sua extensa carreira também o cáustico Trainspotting, um marco audiovisual que conseguiu capturar o espírito da década de 90.
Há anos corre solto o boato de uma sequência, quase sempre desiludindo os fãs por não se mostrarem verdadeiros. Mas eis que durante o festival de Telluride, antes de apresentar pela primeira vez ao público o inédito Steve Jobs, com Michael Fassbender (veja o trailer), Boyle reacendeu a bomba e declarou que o projeto se concretizará - inclusive já está em fase de pré-produção. O que vem a calhar, visto que o longa completará 20 anos em 2016.
Trainspotting 2 está sendo está sendo escrito por John Hodge, roteirista do original, com a ajuda de Irvine Welsh, escritor do livro homônimo de 1993 em que é baseado, bem como de Porno, a continuação publicada em 2002, que deve dar o norte à sequência cinematográfica e conta a história dos personagens principais dez anos depois do antecessor.
No romance, Sick Boy, Renton, Spud, Begbie e a inédita Nikki estão envolvidos em mais um plano para ganhar dinheiro, dessa vez produzindo um filme pornô. É provável que até alguns protagonistas de Glue, outra obra de Welsh, apareçam na versão. Mas é bom lembrar que, como em qualquer adaptação, alguns elementos certamente mudarão, não tirando o brilho atual e possível repercussão crítica à indústria pornográfica.
Controverso e muitas vezes acusado de incentivar o uso de psicotrópicos, Trainspotting foi indicado ao Oscar de 1997 na categoria de "Melhor Roteiro Adaptado". A ágil narrativa retrata a intrépida vida de jovens na lúgubre Edimburgo, Escócia, regada a drogas na fervilhante cena eletrônica britânica. Na memorável trilha sonora há Elastica, Lou Reed, Primal Scream, Blur, Iggy Pop, New Order e o hino "Born Slippy", do Underworld:
Em entrevista ao Deadline, Boyle atentou que o único empecilho à produção é a agenda de alguns atores. Isso porque dois deles estão atuando em séries estadunidenses; Johnny Miller (Sick Boy) protagoniza Elementary, enquanto Robert Carlyle (Begbie) está em Once Upon a Time. Kelly MacDonald (Diane) estava até o ano passado em Boardwalk Empire, que colaborou também para a prorrogação do novo filme.
Em junho, Ewan Mcgregor (o protagonista Renton) já declarou ao The Guardian que não titubearia em participar. Um mês antes, Carlyle havia contado em uma entrevista ao The Mirror que o projeto "está o mais perto possível" de se tornar realidade.
Só nos resta aguardar para reviver as desventuras dos adultos disfuncionais em uma das películas mais aguardada da última década – que tem tudo para subverter e, quem sabe, render mais prêmios a Boyle e aos demais envolvidos.
quedelicianegente.com
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