Rico Dalasam: guarde esse nome! Jefferson Ricardo Silva faz parte de inúmeros grupos oprimidos: é negro, pobre, gay e morador de Tabõao da Serra, região metropolitana de São Paulo. Poderia se conformar com tais status e anonimato, mas faz exatamente o contrário e briga por espaço com sua rima. O jovem de 25 anos vem saindo em matérias de grandes veículos, como Carta Capital, Estadão e El País.
Caçula de cinco irmãos criados pela mãe, Rico estudou em colégios particulares graças à bolsas e neles sentiu na pele o racismo, onde invariavelmente desconfiavam dele quando algum material escolar sumia. Ele se tornou cabeleireiro, profissão que exerce desde os 13 anos, e hoje em dia já conquistou um diploma de ensino superior em Audiovisual.
Já no rap, tem um desejo de destrinchar o terreno machista, homofóbico e heteronormativo. Não escondendo sua sexualidade de ninguém, enfrentou e ainda enfrenta preconceito - por vezes velado - dentro do hip-hop. "O rap e a igreja são parecidos. Eles sabem (da sua sexualidade), mas não comentam", revelou ao Portal UOL, também falando de seu passado como evangélico.
Seu clipe de estreia é "Aceite-C", no qual há um romance lésbico e pessoas se divertindo numa festa. A canção possui samples de "O Mais Belo dos Belos" de Daniela Mercury e é o primeiro single do EP Modo Diverso, que deve ser lançado ainda este mês. O compacto será o primeiro brasileiro enquadrado no queer rap, termo criado nos EUA para designar rap com temática gay.
Tal subgênero já foi assunto no blog através de artistas como Le1f e Mykki Blanco, famosos por mesclarem o jeitão gangster a um visual drag queen e pela temática às vezes lúdica, às vezes política (na maioria ambas) das suas músicas. Dalasam afirma que também quer ir além da música e ajudar a unir os movimentos negro e LGBT.
Racismo e homofobia até podem ser os temas mais corriqueiros, mas também há espaço para sentimentos nas letras de Rico. Como em "Não Posso Esperar", onde fala da sua paixão por um amigo na época de colégio. Unindo essa ternura com o orgulho negro e gay, o rapper certamente servirá de voz à muitas pessoas invisibilizadas tanto por sua etnia e classe social, quanto por sua sexualidade fora do padrão heteronormativo.
quedelicianegente.com

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