Christina consegue mostrar sua essência inquebrável em Lotus!

Christina Aguilera disse que a inspiração para o nome de seu novo álbum veio da flor de lótus porque ela "sobrevive às piores condições e ainda triunfa". Depois de Bionic, um álbum extremamente bom e incrivelmente injustiçado, não poderia ter melhor nome para um novo material.

Lotus não vem com a promessa de ser um sucesso de vendas (RCA que o diga), mas vem para mostrar e relembrar como é a verdadeira Christina Aguilera. Se no trabalho anterior ela quis ousar, e musicalmente conseguiu, aqui ela decide se reformular com base em suas raízes. Esse álbum busca sim como referência vários momentos de Aguilera. Isso, contudo, não quer dizer que a cantora se acomodou e simplesmente apostou em um local seguro. Ela busca repaginar o som de forma mais atual e ainda assim fazer um hiperlink daquilo que o público conhece e ama dela.

"Lotus Intro" mostra isso de forma muito clara. Seja na sua letra (rise up, lotus, rise / this is the beginning) quanto na sua melodia que lembra, quase que imediatamente, um mantra. Logo na segunda faixa, "Army Of Me", vemos que o álbum também vai tratar de fazer uma interconectividade com outros trabalhos da cantora. "Red Hot Kinda Love", uma delícia, reintroduz a vibe R&B / uptempo que também já conhecemos de Christina. "Make The World Move", com Cee Lo Green, é outra que dá seu toque contemporâneo à sonoridade empregada inteiramente em outro álbum de Aguilera. Toda essa intertextualidade também está presente na safadeza gostosinha da já conhecida "Your Body" e na imaturidade engraçadinha de "Circles".

Ainda há as baladas, que entram para balancear incrivelmente bem o álbum. Algumas são poderosas, como "Blank Page" e "Cease Fire", e outras prezam pela reflexão e subjetividade da artista, como em "Sing For Me" e "Best Of Me". Um dos pontos altos do álbum, aliás, é a parceria com Blake Shelton. "Just A Fool" funciona incrivelmente bem. A voz dos dois está em uma sintonia invejável e a balada é claramente inspirada em duetos clássicos dos anos 80 / 90. Em contraste, o ponto baixo do álbum é "Let There Be Love", que apresenta um pop genérico que poderia facilmente ser uma b-side de "Feel This Moment", música de Pitbull com Aguilera. Para as faixas da versão deluxe, o destaque vai para “Light Up The Sky”, que conversa diretamente com a introdução do álbum e reavive a imagem de força que quer ser passada.

Christina fez bem feito em se tomar como referencial para esse novo trabalho. Buscar pontos assertivos de sua discografia não tira seu mérito como artista, mas mostra como ela está disposta a se atualizar sem perder a essência. Aguilera está certíssima quando fala "The unbreakable lotus in me / I now set free".

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