Afinal, como é o álbum Born This Way da Lady Gaga?

Se eu fosse escolher apenas um adjetivo para descrever Born This Way, o novo e aguardado álbum da Lady Gaga, que vazou em meados da noite passada, seria: pretensioso.

Lembro-me da cantora ter dito, em alguma entrevista, que já pensava em lançar um disco assim antes, mas as pessoas não estavam preparadas para ele. É a mais pura verdade. Com certeza alguns, hoje fãs, não escutariam BTW, se ele fosse o primeiro disco de sua carreira.

Gaga surgiu com um pop chiclete e pronto para as pistas, em The Fame. Depois deu pistas do que viria a seguir no, tão pop quanto o anterior, porém dark, The Fame Monster. E agora deu à luz ao que poderíamos chamar de pop experimental (sim, ex-pe-ri-men-tal, hipsters chatos), onde experimenta as bases já bem estabelecidas pelos discos anteriores, e vai além, muito além: experimenta diversos ritmos, como seu já familiar pop, o dance farofa dos anos 80/90 (e dos 00 também), country, jazz/blues, synth e muuuito rock.

Podemos falar também da viagem musical do disco comparando-a com outros artistas (algo corriqueiro quando se trata dela). Por exemplo, "Marry The Night", "Goverment Hooker" e "Electric Chapel" lembram tão descaradamente elementos de outras canções, que provavelmente contém samples. Por sua vez, "Heavy Metal Lover" é bem Kylie Minogue, e "Bloody Mary", faixa que eu notei ser a preferida de vários, é simplesmente a música MAIS Madonna que Lady Gaga já fez! Sério mesmo, coloque-a pra tocar entre "Devil Wouldn't Recognize You" e "Voices" do CD Hard Candy, que se você não soubesse, não notaria a mudança de cantora.

Mas calma fãs. Não tô falando isso pra desmerecê-la. Muito pelo contrário, acho esse um dos seus maiores méritos. Explico.

Ela copiou Madonna, Michael Jackson, Kylie Minogue, David Bowie, Grace Jones, Róisín Murphy, Cher, Björk e até mesmo um pouco Christina Aguilera e Britney Spears? Sim. Mas ela não escolheu um ou dois e se espelhou completamente neles. Stefani Germanotta, na verdade, pegou os melhores pedaços de cada um - e de todos ao mesmo tempo - e montou um complexo Frankenstein do pop chamado Lady Gaga. E esse 'monstrinho' em pouco tempo virou um 'monstrão', superando inclusive algumas de suas inspirações originais, se tornando um dos maiores ícones atuais, tendo grande influência não só no campo da música, mas também da moda, design e até política.

Born This Way sintetiza todos esses recortes pops e influências num formato sonoro. E sendo assim, sintetiza o que é Lady Gaga: não alguém que born this pra brilhar, mas alguém soube usar os elementos e oportunidades certas para alcançar tal objetivo.

Escute: "Hair", "You and I" e "Highway Unicorn (Road To Love)".
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